segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Por que as enchentes acontecem?

Foto: Marcelo Lopes
É muito comum no período de setembro a março, que chamamos de ‘período das chuvas’ termos várias catástrofes ambientais, como por exemplo, as enchentes, pois no Brasil predomina o clima Tropical, que tem como característica duas estações bem definidas. O verão, que acaba englobando a primavera, sendo um período chuvoso, e o inverno, que engloba o outono, sendo um período seco, ou seja, de estiagem. É importante salientar que as chuvas de verão são muitas das vezes, fortes e rápidas, dando uma descarga forte e intensa em um só ponto.

A enchente nada mais é que um excedente de denominada vazão máxima de um rio, atingindo principalmente o leito maior de um rio e que, por incrível que pareça, é onde estão assentadas as cidades.

Depois de vários estudos, ficaram evidentes as três principais causas das enchentes que assolam as grandes áreas urbanas brasileiras: impermeabilização do solo, erosão e disposição inadequada do lixo.

Tradicionalmente, o problema das enchentes tem sido resolvido através de sistemas de rápido escoamento das águas das chuvas e de canalizações e retificações dos rios e córregos. Este procedimento é seguido na maioria das cidades brasileiras e se constitui em mais um esforço dos governos para minimizar os prejuízos causados pelas inundações. No entanto, com o avanço da fronteira urbana e a impossibilidade de se aumentar indefinidamente a velocidade de escoamento das aguas coletadas, esse tipo de solução começa a se mostrar insuficiente, uma vez que transfere os pontos de enchentes cada vez mais para jusante (frente do rio).

Em função disso está em discussão a implementação de soluções alternativas , como uma experimentada na França, na qual se procura reter a água ao invés  de fazê-la chegar de imediato  aos rios. A água da chuva fica contida em pequenos reservatórios (ou mesmo em grandes ‘piscinões’, como os que há em São Paulo, sendo liberada aos poucos, após o pico das chuvas. Este conceito é adotado por vários países desenvolvidos, que não abandonaram, contudo, as medidas contra uma implementação excessiva dos solos, combate à erosão, à desocupação das áreas e uma destinação final adequada ao seu lixo urbano, o que não acontece em nossas cidades.

Com uma taxa de impermeabilização estimada em quase 50%, a cidade de São Paulo é um bom exemplo de local onde o cimento e o asfalto vêm (literalmente) ganhando terreno, e de braçada.  O código de obras da cidade paulista estipula em 15% a área do terreno que deve ficar permeável.  Além disso, o município tem uma lei que obriga os donos de terrenos com mais de 500m2 de área construída a deixar 30% de sua área com piso drenante ou construir reservatórios temporários de água pluvial, chamados de piscininhas.

Agora fica evidente porque vários pontos de Cataguases, Muriaé, Ubá e de outras várias cidades estão sofrendo com as inundações decorrentes dessas chuvas de fim de ano. Se observarmos atentamente o grau de impermeabilização, principalmente em áreas de grande convergência de fluxo de água, está só aumentando, assim cresce o volume de água destinado ao centro dessas cidades. É bom salientar que estamos contando apenas com a impermeabilização e não estamos contando com o lixo e as folhas de nossas árvores.

O que podemos então concluir? Ou a prefeitura traça um plano de ocupação urbana, melhorando o escoamento superficial, a infiltração e os resíduos sólidos, ou o problema só tende a se agravar.

P.S – É bom deixar claro que o tipo de pavimentação que predomina na cidade de Cataguases, a base de paralelepípedo, facilita a infiltração diminuindo o escoamento, mas com o tempo o solo vai se compactando e dificultando a infiltração.